sexta-feira, 10 de junho de 2011

9º encontro - relato e fotos

No nosso 9º encontro, vamos entrando em um processo de recolher toda nossa experiência vivida até aqui para elaborar um balanço consistente, sempre no corpo, já que estamos nos encaminhando para o final da nossa jornada juntos.

Começamos por um aquecimento técnico, dando atenção para as articulações e a preparação do corpo para os trabalhos. 



A seguir realizamos um exercício em duplas. Uma pessoa fica no comando e levanta sua mão, expondo a palma da mão à frente. A outra pessoa deve fixar seu olhar e se concentrar nessa palma, seguindo qualquer movimento que ela fizer. Aconselha-se que a pessoa que está no comando inicie com movimentos bem sutis e pequenos. Depois de estabelecer a atenção e confiança, então ela pode se aventurar em movimentos maiores e mais ousados, mudando níveis, direção e dinâmicas. Depois param e trocam as posições. O outro parceiro passa a comandar os movimentos. Num terceiro momento, o parceiro pode “roubar” o comando quando quiser, e assim o posto de comando vai se alternando entre um e outro. É interessante que essa passagem seja feita de maneira suave e fluida, sem perder o fluxo da movimentação. Esse exercício gera uma conexão mais profunda entre os parceiros e também um bom nível de concentração. 





 Na seqüência fizemos um jogo muito produtivo de criação de imagens com o corpo. Dividimos a turma em grupos de 3 a 5 pessoas. Cada grupo deve escrever numa folha de papel três listas com oito palavras cada uma. A primeira lista é de SUBSTANTIVOS, a segunda lista é de ADJETIVOS, e a terceira lista é de VERBOS. Depois, um grupo vai à frente para e os demais ficam como platéia. Um dos grupos que está na platéia fala uma palavra da sua lista de substantivos e o grupo que está no “palco” deve, cada um, se tornar aquele objeto, criando a imagem com o seu corpo. Por exemplo: “guarda-chuva”. Como eu crio a imagem de um guarda-chuva com todo o meu corpo? Como eu me torno inteiro um guarda-chuva? Continuamos a fazer o exercícios, com 4 substantivos para cada grupo, até todos passarem pelo palco. Depois fazemos nova rodada, agora com duas palavras, um substantivo e um verbo. Por exemplo: “casa” e “comer”. Então devemos criar uma imagem de uma casa comendo. Fazemos assim com 4 combinações para cada grupo. Ao final, realizamos nova rodada. Agora o grupo todo, juntos, deve criar a imagem solicitada, unindo substantivo, adjetivo e verbo. Por exemplo: “uma árvore cansada piscando”.  Esse exercício, além de ser muito divertido, provoca uma quebra nos padrões de raciocínio, já que solicita a criação de imagens muitas vezes inusitadas, como “um cachorro bêbado flutuando”, ou “castelo preguiçoso respirando”. Ao propor essa quebra de lógica, ampliamos as fronteiras da criatividade e das possibilidades de comunicação do corpo. Em tempos de rápidas mudanças em que vivemos, é essencial estar abertos a soluções não convencionais. E o corpo é um arsenal muito rico de respostas inéditas. É necessário se movimentar, experimentar, praticar e incorporar essas possibilidades para formar pessoas mais criativas e produtivas. 



A seguir, realizamos a nossa já conhecida jornada de movimento, que inicia com todos deitados no chão. Muito devagar, cada um começa e se movimentar no seu próprio ritmo, conforme sua própria necessidade. Aos poucos os movimentos vão tomando o corpo e se ampliando. É importante realizar alongamentos durante esse trajeto, esticando e espreguiçando as várias partes do corpo. Além disso, damos atenção especial ao aquecimento das articulações. Devagar o corpo vai se expandindo, primeiro em contato com o chão, depois se descolando do chão e explorando o plano médio, os apoios e finalmente ficando em pé e se dilatando pelo espaço, deslocando-se pela sala e estabelecendo encontros com os parceiros do grupo. A jornada sempre tem um tema, e o tema do dia era “o meu manifesto” no sentido de explorar qual seria a contribuição que cada um tem a dar para o mundo, em particular para a questão da educação. Qual é o seu testemunho, a sua opinião, o seu grito, o seu recado em relação ao tema? Esse é o seu manifesto profissional e poético. Usamos uma seqüência de músicas para estimular essa jornada, com atmosferas alegres e divertidas. O grupo correspondeu logo à proposta, terminando a jornada em clima festivo e divertido. 


 A seguir, aproveitando a energia que circulava nos corpos, realizamos um “desfile”, onde cada um por vez atravessava a sala ao som de uma música vibrante, dançando sua alegria e prazer, sem rótulos. Fizemos essa dinâmica em duplas e foi tudo muito alegre, em clima de liberdade e aceitação das diferenças.

Na seqüência, embalados pela vibração presente em cada corpo, fizemos a dinâmica de escrever o manifesto. Cada um deveria, ao sinal, começar a escrever seu manifesto apoiado no tema apresentado durante a jornada corporal. Ao escrever, a regra era de que não se poderia parar em nenhuma hipótese. Cada um deveria entrar em um fluxo contínuo de escrever, mesmo que não tenha lógica, não faça sentido. Não se pode parar, a caneta deve estar sempre em movimento. Esse processo durou 15 minutos e todos escreveram com bastante empenho.


 

Ao final, reunimos a turma em grupos de 3 pessoas para que cada um lesse seu manifesto tendo os parceiros como testemunha. É muito tocante perceber a singularidade da expressão de cada um, ao mesmo tempo em que os pontos de semelhança ficam muito claros, a partir das necessidades, sonhos, desejos, opiniões e ousadias poéticas de cada participante. 





Aproveitando essa integração, pedimos que cada grupo criasse uma cena que fosse inspirada na conjunção dos manifestos de seus integrantes. Depois de um tempo de ensaio, cada grupo realizou sua apresentação. Havia várias emoções e desejos sendo expressos de maneira poética e muito intensa. Acima de tudo, cada movimento fazia sentido para quem o realizava e, portanto, era contagiante para os que assistiam. Com certeza é uma maneira de ritualizar simbolicamente as várias necessidades e, dessa forma, construir juntos novas idéias, novas alternativas criativas, deixando de se apoiar na lógica de que não há nada a se fazer a não ser aceitar o que está dado. Colocando o corpo em movimento, quebrando seus padrões e gestos habituais, sempre surgirão formas inusitadas de agir e de pensar, o que pode ser essencial para transformar e desenvolver nossa comunidade.






Veja todas as fotos do dia clicando aqui. As fotos são de Angela Sassine.

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