quinta-feira, 30 de junho de 2011

Convite para a Performance "Coração de Estudante"

Dia 2 de julho, sábado, às 16h
Ingresso Gratuito 
 
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro (próx metrô Tiradentes) - Tel. (11) 3221-5558
Contatos e informações: (11) 3796-3971 / silvana@silvanaabreu.com

Depoimento da Silmara


Na escola estadual onde trabalho estou desenvolvendo um projeto com os alunos do 2º ano, na faixa etária de 7 anos, onde aplico várias atividades corporais que nós desenvolvemos no curso. De maneira prazeirosa e criativa vamos construindo uma educação com alegria, rica em significados, para quando eles voltarem para a sala de aula "formal" possam aguentar as carteiras enfileiradas e o sistema mecanizado. Meu objetivo é que, ao término do projeto, eu possa provar às professoras que as crianças podem aprender brincando, se divertindo, elaborando um aprendizado significativo para suas vidas. Avaliação: os rostinhos de felicidade ao término das atividades.

Silmara S. Teixeira 

11º encontro - relato e fotos

No nosso 11º encontro tivemos uma reunião um tanto diferente. A começar pela sala de ensaio, que precisamos mudar por conta da dedetização da nossa sala regular de trabalho. O grupo mostrou novamente seu grau de integração combinando um lanche coletivo. Como muitos precisam vir de muito longe, em longas viagens, estavam desejando um lanche imediato e resolvemos antecipar nosso horário de “recreio” antes de começar os trabalhos. Aos quitutes que a Angela sempre nos presenteia com carinho, juntaram-se uma variedade colorida de doces e salgados maravilhosos. Foi uma bela alegria participar desse momento de descontração. A celebração dos bons encontros sempre acontece ao redor da mesa. Celebramos tudo que nos alimenta, corpo, pensamento e emoção. Nossa mandala de afetos se mostra consistente, alegre e integrada. 

 

Depois da comilança, nos empenhamos no trabalho. Fizemos uma roda de aquecimento para preparar os corpos para o trabalho criativo. Um trabalho mais suave dessa vez, já que a barriga estava trabalhando! Na roda, depois de aquecer as articulações e alongar os músculos, fizemos uma “troca de presentes”. Cada um deveria andar em direção à outra pessoa da roda e tocá-la em algum lugar do corpo, dando esse toque de presente. É um movimento sutil e delicado de confirmar o contato, a confiança e a integração.


Depois disso, trabalhamos no ensaio da nossa performance de encerramento do projeto. Ela será mais uma performance do que um espetáculo pronto e acabado, porque nossa intenção é celebrar a alegria dessa nossa vivência juntos, com diversão e entusiasmo, sem nos prendermos a roteiros fechados. Nosso objetivo desde o início foi o processo de consciência corporal e liberação do desejo e da alegria no movimento do corpo, um trabalho cuidadoso e íntimo de descobertas e redescobertas, de encontro consigo mesmo em novas relações de gestos e expressões. 

 
 


 A partir desse trabalho que vivemos juntos, a performance será a celebração dessas descobertas, e o grupo estará junto o tempo todo,  dançando essa mandala de afetos que se estabeleceu entre todos. E dentro dessa mandala haverá o momento singular para cada um expressar sua dança pessoal, uma dança sem regras, sem certo e errado, onde toda a vida é bem-vinda, com suas alegrias, inseguranças, medos, desejos, raiva, ansiedade, falta de jeito, ridículo, diversão e entusiasmo. 

 
 

 Nosso desejo é que o corpo abrace essa alegria de deixar a vida fluir em todas as suas cores e que, afirmando essa vida sem economias, ela possa transbordar, preencher o espaço e contagiar a todos que estiverem com a gente, provocando os outros corpos a dançarem também, no seu cotidiano, no seu trabalho, na sua vida. E, a partir desse contágio, dancemos abraçando o impossível, criando nova realidade, uma realidade da alegria, da potência e do desejo de vida plena. Esse é o nosso sonho de educação. Uma educação para o movimento, para a potência, para o vôo impossível.   

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aos Mestres com Carinho

Aproveito o momento para registrar aqui a grande sorte que tive de encontrar grandes mestres pelo caminho da vida. A generosidade de cada um deles foi essencial para eu ser o que sou e fazer o que faço. 

Flávia Pucci, grande atriz, de uma sensibilidade absurda. Foi com quem primeiro aprendi a dizer "sim", até para as mínimas coisas, quase imperceptíveis, quando ainda estão prestes a brotar.

Denise Stoklos, um fenômeno teatral, com quem aprendi a arte da intensidade.

Luiz Fuganti, grande provocador, mestre e amigo, que descontrói marcas, ousa pensar com alegria, e apresentou todo um mundo novo de afirmação da vida e da natureza.

Edmundo Barbosa e Jurgen Christian, que me ensinaram sobre o fluxo da vida no corpo, sobre como o olhar o outro com carinho e compaixão. Ensinaram a confiar na vida e em tudo o que dela vier.

Luis Louis, mestre, amigo, companheiro de tantas jornadas, que continua me ensinando o que é arte, feita com paixão, afeto, amor, com todo o corpo, com atenção e carinho, com precisão e rigor. A maioria dos exercícios que estão descritos neste blog eu aprendi diretamente com ele, vindo de sua pesquisa da Mímica Total que ele desenvolve há tantos anos e que continua ensinando com alegria.

E por último e não menos importante, a pequena grande Victória, que ao aparecer no mundo antes do esperado, me ensinou a confiar na vida e me entregar sem medo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Convite para a Performance "Coração de Estudante"


Apresentação da Performance Artística "Coração de Estudante"
Dia 2 de julho, sábado, às 16h
Ingresso Gratuito
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro (próx metrô Tiradentes) - Tel. (11) 3221-5558
Contatos e informações: (11) 3796-3971 / silvana@silvanaabreu.com

Vídeo da Palestra "Desejo e Vocação" com Luiz Fuganti

No dia 11 de junho tivemos o terceiro e último encontro com o filósofo Luiz Fuganti da Escola Nômade de Filosofia, com o tema "Desejo e Vocação". Veja abaixo o vídeo com a cobertura completa.

Depoimento da Sabrina



Durante minha história sempre busquei uma coisa, sempre acreditei em uma verdade: devemos ajudar os outros nesta divisão de classes em que vivemos. Ajudar como? Fazer o quê? Como conviver e viver feliz com tanto sofrimento? Pobreza, abandono, miséria, violência? Com o desenvolvimento do ser humano,  que parece ir mais em direção às coisas do que à melhora das relações entre os próprios homens?

Vivendo de acordo com esta verdade única sobre o que deveria fazer, acabei esquecendo de mim. O curso surgiu num momento de escolhas, e desde o princípio eu soube que me transformaria com ele e nele. Descobri que posso decidir ficar e estar todos os dias com o que eu realmente gosto, com o que está estampado no meu corpo, nos meus ouvidos, na minha alma: a música, a dança! Com estas artes posso ser a cada dia protagonista da minha vida. Subo no palco e ocupo um espaço que é meu, com minha ética pessoal faço muito pelos outros, mas primeiro estou no meu lugar.  E estando no meu lugar vejo melhor a alegria, o riso, a riqueza humana, a arte, o acolhimento, que é claro, convivem com um outro lado numa luta contraditória, mas estão sempre presentes em movimento e com muito mais força porque isso sim é VIDA.

É certo que toda esta vivência não ficará comigo. Levarei pela minha existência, e é o que quero de meu quero deixar neste mundo.

Obrigada! Muito obrigada, à Silvana e aos colegas que a cada sábado me acompanham nesse enraizamento de onde vêm força e energia vitais!

Sabrina Gasparetti Braga

10º encontro - relato e fotos

No nosso 10° encontro, pudemos aprofundar a integração e confiança que já está estabelecida no grupo há algum tempo. Por isso, o aquecimento foi um pouco diferente. Demos uma atenção especial ao toque, feito de maneira suave e sensível. Nessa dinâmica, uma pessoa por vez se coloca deitada no chão, de barriga para cima, com pernas e braços esticados e relaxados. Os demais participantes colocam-se ao redor formando um círculo. No primeiro momento, todos vão fazer uma massagem suave no corpo dessa pessoa. Sugerimos que todos se preparem, concentrem-se e decidam juntos quando iniciar o toque, sem precisar de uma voz de comando. 

 

Após um breve momento dessa massagem, o grupo deve suspender pernas, braços e cabeça do parceiro, tendo o cuidado de apoiar os joelhos e cotovelos. A pessoa do centro deve relaxar e soltar o peso do corpo, confiando nos parceiros. Então o grupo vai criando movimentos com as pernas, braços e cabeça, de maneira suave e cuidadosa, dando atenção para criar movimentos novos, surpreendendo a pessoa que recebe, e evitando que ela resista e conduza o movimento. Enquanto isso acontece, a pessoa do centro deve contar uma história e falar sem parar. Não pode parar de falar. Ao final, todos devem pousar os membros do parceiro no solo com cuidado e finalizar com uma breve massagem. A pessoa que recebeu o trabalho deve então espreguiçar sem pressa, virar-se de lado e ir subindo devagar, cuidando para que a cabeça seja a última coisa a ficar ereta. Esse trabalho é interessante porque desafia o participante a entregar o peso do corpo com confiança e sem resistência. Às vezes, mesmo inconscientemente, há uma vontade de controlar e conduzir o movimento. A tarefa de contar uma história sem parar também desafia a pessoa a desconectar dessa vontade de controle para entrar no fluxo e confiar no acolhimento e no movimento do grupo. Como o grupo já se conhece há algum tempo, todos estavam bem mais relaxados e dispostos a participar com confiança e alegria. O toque pode ser um assunto delicado, mas também é assunto importante no processo educativo. Aprender a oferecer e receber um toque amistoso é um recurso importante para a saúde, para o bem-estar, para a sociabilidade, para a sensação de pertencimento ao grupo. Também é importante para ter a inteligência afetiva minimamente madura e saber quando um eventual toque pode ser dissimuladamente nocivo e agressivo. Para uma boa aula sobre educação e afetividade, sugiro o vídeo “Children Full of Life” (clique aqui).






A seguir fizemos uma dinâmica de andar pela sala estabelecendo encontros. A cada encontro, uma pessoa, depois a outra, oferecem ao parceiro uma pequena dança, uma seqüência de movimentos. Ao final se despedem e seguem o caminho para outros encontros. 


Depois disso, fizemos uma seqüência de experimentações para perceber como o corpo pode moldar nosso pensamento e atitudes. O exercício era caminhar pelo espaço projetando uma parte do corpo para a frente. Fizemos isso várias vezes, a cada vez projetando uma parte. Primeiro a testa. Anda-se com a testa alongada para a frente. Aos poucos procuramos perceber que tipo de sensação e de idéias sugere essa postura e esse andar. Aí inventamos um som para essa figura. Andamos e fazemos um som. A seguir verbalizamos que tipo de pensamentos essa figura teria. Começamos a falar em voz alta esses pensamentos. E então começamos a estabelecer encontros e diálogos entre esses “seres de testa para a frente”. Como é esse encontro? Qual é a dinâmica da relação? Ao fim, relaxamos e andamos normalmente. Aí discutimos em grupo que tipo de atitude essa figura transmite. 

 
Repetimos toda essa dinâmica para outras partes do corpo: nariz, queixo, peito, barriga, pélvis, joelhos, pés. A cada vez, fazemos a seqüência projetando uma parte do corpo, como se ela fosse a primeira parte a passar por uma porta. Quando projetamos a testa, pode aparecer uma sensação de teimosia, “cabeça dura”, nervoso, sério, preocupado, entre outras. Quando projetamos o nariz, a sensação que normalmente aparece é de bisbilhoteiro, xereta, interessado em saber de tudo, curioso, etc. Ao projetar o queixo, a atitude inspirada é de orgulho, arrogância, prepotência, despeito. Projetando o peito para a frente sentimos auto-confiança, às vezes exagerada, confronto, desafio, certa arrogância, etc.  Ao projetar a barriga, a sensação vem ligada à fome, preguiça, lentidão, sono, entre outras. Ao projetar a pélvis, a atitude assume conotação sexual, interesse em encontros, busca de parceiros, sedução, etc. Projetando os joelhos, a sensação é de “pisar em ovos”, cuidado, atenção, entre outras. Finalmente, ao projetar os pés, a atitude pode ser de descontração, “cuca fresca”, leveza, etc. É importante ressaltar que essas imagens listadas acima são apenas algumas das que podem aparecer, ou que são as mais comuns. Dependendo da pessoa, da história de vida e do nível de tensão muscular, essas imagens podem variar. Por exemplo: ao projetar os pés para a frente, se fizermos isso com muita tensão muscular, a sensação pode ser de atitude militar, autoridade e rigidez. Às vezes, ao assumir uma determinada postura, imediatamente lembramos de alguém ou algum personagem significativo, e então assumimos toda a configuração corporal dessa pessoa, chegando a imitá-la com detalhes, indo além de simplesmente colocar a atenção numa só parte do corpo.

Depois de experimentar essa dinâmica como um estudo de movimento, fizemos improvisos em duplas, para que organizar essas imagens em ação. Pedimos que duas pessoas por vez fossem ao palco para improvisar seus personagens. Um deveria projetar o peito para a frente, o outro o nariz. E assim, fomos criando duplas de personagens que se colocavam em situação e improvisavam uma história. Era visível a mudança de atitude ao se mudar a postura corporal. Criaram-se situações muito divertidas!




Depois do intervalo, voltamos a realizar o improviso individual com música. O participante deve trazer uma música que gosta e que toca sua emoção de maneira especial e, a partir daí, improvisar uma dança pessoal, tendo o grupo como platéia e testemunha. Tivemos a alegria de compartilhar momentos mágicos com o Jairo, que improvisou sobre a música “Camarada D´Água” do grupo Teatro Mágico. Foi muito tocante perceber a alegria e descoberta real de novas possibilidades acontecendo naquele exato momento no corpo do Jairo. Ele relatou ao final que não foi uma dança, foi um desabafo. É notável a diferença de atitude desse nosso companheiro. No início do trabalho ele era mais sério e reservado. Agora está muito mais relaxado, sorrindo frequentemente, e brincando com alegria com todos do grupo.


A seguir a Sarita dançou lindamente a música “Samba e Leveza”, do Lenine. Foi especial ver uma outra mulher surgindo ali, confiante e desenvolta, um pouco mais distante da timidez com que normalmente recebíamos a Sarita. Fechou a coreografia saindo com elegância.

Após isso, fizemos um improviso em grupos. Cada grupo deveria criar uma música e uma coreografia livremente. Houve uns 10 minutos para preparar e ensaiar. O resultado foi muito divertido para todos. Essa é mais uma dinâmica para reforçar a idéia de que não é preciso, necessariamente, seguir padrões de beleza. Cada um pode criar sua própria dança, aquela que faça sentido para seu pensamento e para a sua vida. Que lhe inspire alegria, liberdade, expansão e poesia. Isso sempre será contagiante.





Finalizamos o encontro com um presente da Ana Silvia, uma roda de Jongo. A dinâmica em roda é sempre especial para integração do grupo e é uma ótima opção para terminar nossa jornada do dia.  



Estávamos aquecidos e relaxados, apesar do frio que fazia lá fora. Já todos prontos para o último encontro com o Fuganti, um novo debate de idéias com a Escola Nômade de Filosofia.


Veja todas as fotos do dia clicando aqui. As fotos são de Angela Sassine.

Para que servem as respostas?

É sempre bom ouvir o José Pacheco, fundador da Escola da Ponte. É uma escola muito engraçada, não tem salas de aula, não tem turmas divididas por faixa etária, não tem testes, não tem nada. Nada da escola tradicional que conhecemos. É uma escola feita com muito esmero em Vila das Aves, Portugal.
Na Escola da Ponte, as crianças decidem o que e com quem estudar. Em vez de classes, grupos de estudo. Independente da idade, o que as une é a vontade de estar juntas e de juntas aprender. Novos grupos surgem a cada projeto ou tema de estudo.Para saber mais, clique aqui!
Agradeço ao amigo Eduardo Bartolomeu pela dica. Divirtam-se!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

9º encontro - relato e fotos

No nosso 9º encontro, vamos entrando em um processo de recolher toda nossa experiência vivida até aqui para elaborar um balanço consistente, sempre no corpo, já que estamos nos encaminhando para o final da nossa jornada juntos.

Começamos por um aquecimento técnico, dando atenção para as articulações e a preparação do corpo para os trabalhos. 



A seguir realizamos um exercício em duplas. Uma pessoa fica no comando e levanta sua mão, expondo a palma da mão à frente. A outra pessoa deve fixar seu olhar e se concentrar nessa palma, seguindo qualquer movimento que ela fizer. Aconselha-se que a pessoa que está no comando inicie com movimentos bem sutis e pequenos. Depois de estabelecer a atenção e confiança, então ela pode se aventurar em movimentos maiores e mais ousados, mudando níveis, direção e dinâmicas. Depois param e trocam as posições. O outro parceiro passa a comandar os movimentos. Num terceiro momento, o parceiro pode “roubar” o comando quando quiser, e assim o posto de comando vai se alternando entre um e outro. É interessante que essa passagem seja feita de maneira suave e fluida, sem perder o fluxo da movimentação. Esse exercício gera uma conexão mais profunda entre os parceiros e também um bom nível de concentração. 





 Na seqüência fizemos um jogo muito produtivo de criação de imagens com o corpo. Dividimos a turma em grupos de 3 a 5 pessoas. Cada grupo deve escrever numa folha de papel três listas com oito palavras cada uma. A primeira lista é de SUBSTANTIVOS, a segunda lista é de ADJETIVOS, e a terceira lista é de VERBOS. Depois, um grupo vai à frente para e os demais ficam como platéia. Um dos grupos que está na platéia fala uma palavra da sua lista de substantivos e o grupo que está no “palco” deve, cada um, se tornar aquele objeto, criando a imagem com o seu corpo. Por exemplo: “guarda-chuva”. Como eu crio a imagem de um guarda-chuva com todo o meu corpo? Como eu me torno inteiro um guarda-chuva? Continuamos a fazer o exercícios, com 4 substantivos para cada grupo, até todos passarem pelo palco. Depois fazemos nova rodada, agora com duas palavras, um substantivo e um verbo. Por exemplo: “casa” e “comer”. Então devemos criar uma imagem de uma casa comendo. Fazemos assim com 4 combinações para cada grupo. Ao final, realizamos nova rodada. Agora o grupo todo, juntos, deve criar a imagem solicitada, unindo substantivo, adjetivo e verbo. Por exemplo: “uma árvore cansada piscando”.  Esse exercício, além de ser muito divertido, provoca uma quebra nos padrões de raciocínio, já que solicita a criação de imagens muitas vezes inusitadas, como “um cachorro bêbado flutuando”, ou “castelo preguiçoso respirando”. Ao propor essa quebra de lógica, ampliamos as fronteiras da criatividade e das possibilidades de comunicação do corpo. Em tempos de rápidas mudanças em que vivemos, é essencial estar abertos a soluções não convencionais. E o corpo é um arsenal muito rico de respostas inéditas. É necessário se movimentar, experimentar, praticar e incorporar essas possibilidades para formar pessoas mais criativas e produtivas. 



A seguir, realizamos a nossa já conhecida jornada de movimento, que inicia com todos deitados no chão. Muito devagar, cada um começa e se movimentar no seu próprio ritmo, conforme sua própria necessidade. Aos poucos os movimentos vão tomando o corpo e se ampliando. É importante realizar alongamentos durante esse trajeto, esticando e espreguiçando as várias partes do corpo. Além disso, damos atenção especial ao aquecimento das articulações. Devagar o corpo vai se expandindo, primeiro em contato com o chão, depois se descolando do chão e explorando o plano médio, os apoios e finalmente ficando em pé e se dilatando pelo espaço, deslocando-se pela sala e estabelecendo encontros com os parceiros do grupo. A jornada sempre tem um tema, e o tema do dia era “o meu manifesto” no sentido de explorar qual seria a contribuição que cada um tem a dar para o mundo, em particular para a questão da educação. Qual é o seu testemunho, a sua opinião, o seu grito, o seu recado em relação ao tema? Esse é o seu manifesto profissional e poético. Usamos uma seqüência de músicas para estimular essa jornada, com atmosferas alegres e divertidas. O grupo correspondeu logo à proposta, terminando a jornada em clima festivo e divertido. 


 A seguir, aproveitando a energia que circulava nos corpos, realizamos um “desfile”, onde cada um por vez atravessava a sala ao som de uma música vibrante, dançando sua alegria e prazer, sem rótulos. Fizemos essa dinâmica em duplas e foi tudo muito alegre, em clima de liberdade e aceitação das diferenças.

Na seqüência, embalados pela vibração presente em cada corpo, fizemos a dinâmica de escrever o manifesto. Cada um deveria, ao sinal, começar a escrever seu manifesto apoiado no tema apresentado durante a jornada corporal. Ao escrever, a regra era de que não se poderia parar em nenhuma hipótese. Cada um deveria entrar em um fluxo contínuo de escrever, mesmo que não tenha lógica, não faça sentido. Não se pode parar, a caneta deve estar sempre em movimento. Esse processo durou 15 minutos e todos escreveram com bastante empenho.


 

Ao final, reunimos a turma em grupos de 3 pessoas para que cada um lesse seu manifesto tendo os parceiros como testemunha. É muito tocante perceber a singularidade da expressão de cada um, ao mesmo tempo em que os pontos de semelhança ficam muito claros, a partir das necessidades, sonhos, desejos, opiniões e ousadias poéticas de cada participante. 





Aproveitando essa integração, pedimos que cada grupo criasse uma cena que fosse inspirada na conjunção dos manifestos de seus integrantes. Depois de um tempo de ensaio, cada grupo realizou sua apresentação. Havia várias emoções e desejos sendo expressos de maneira poética e muito intensa. Acima de tudo, cada movimento fazia sentido para quem o realizava e, portanto, era contagiante para os que assistiam. Com certeza é uma maneira de ritualizar simbolicamente as várias necessidades e, dessa forma, construir juntos novas idéias, novas alternativas criativas, deixando de se apoiar na lógica de que não há nada a se fazer a não ser aceitar o que está dado. Colocando o corpo em movimento, quebrando seus padrões e gestos habituais, sempre surgirão formas inusitadas de agir e de pensar, o que pode ser essencial para transformar e desenvolver nossa comunidade.






Veja todas as fotos do dia clicando aqui. As fotos são de Angela Sassine.