quarta-feira, 25 de maio de 2011

Depoimento da Geralda


A EXPANSÃO DO EU



Esse sábado (21 de maio) foi tudo diferente. Saí de casa meio com preguiça e sem muita vontade de encarar quase duas horas de viagem pra chegar à Oficina Cultural Oswald de Andrade. No caminho fui pensando: “bem que hoje poderia ser bem lúdico, com muita dança e muita música, estou com vontade de dançar...”
Fui a primeira a chegar e havíamos mudado de sala devido a um evento acontecendo lá na oficina. Parece que a Silvana tinha lido meu pensamento já que praticamente começamos a oficina com todo mundo dançando. Depois tivemos que escolher um par. Isso de escolher um par é muito interessante, porque a gente está andando pelo espaço e tem que escolher alguém, normalmente o encontro se dá, a gente para na frente da pessoa e eu nunca sei se escolhi ou fui escolhida, já que tudo se passa muito rapidamente e com a comunicação através de gestos e olhares, mas muito intensa. Eu e o Léo acabamos nos escolhendo. O exercício foi o seguinte: um dançava e o outro tinha que ser o diretor. O Léo começou e ele dança muito bem, na vez dele foi uma música clássica. Quando chegou a minha vez, foi um samba. Logo eu que nunca sambei na vida! Mas resolvi encarar, pensei na personagem Rita Baiana de “O cortiço”, especialmente na que foi feita pela Betty Faria e sambei, fiz caras e bocas sob a direção do Léo e alguma ajuda da Silvana. Depois todos dançamos em roda e cada um tinha que mostrar o que sabia.
Depois a Silvana propôs que nos deitássemos, nos encolhêssemos e ocupássemos o menor espaço possível e nesse momento, ouvindo a música, fôssemos começando a nos expandir lentamente, como se uma membrana no envolvesse, e que entrássemos em contato com nosso desejo.
Eu adotei a posição fetal. Não consegui ver o restante do grupo, mas tenho a intuição que a maioria também adotou a mesma posição. Naquela posição, ouvindo a música, me veio uma enorme vontade de chorar. Eu queria explodir e gritar, mas fiquei ali quietinha tentando entender o que eu sentia. Eu me perguntava: O que quero? Qual o meu desejo?” Eu me sentia presa, como se houvesse algo me prendendo na região do abdômen e eu tinha vontade de gritar que queria ser livre. Eu dizia a mim mesmo que era livre, mas só conseguia gritar por liberdade. A sensação era fortíssima e eu só conseguia chorar. Pensei que quem estava me prendendo era eu mesma  e que podia me soltar. Fui me soltando com medo daquela sensação, mas me libertando aos poucos.
O último exercício foi muito forte e intenso. A gente tinha que correr e depois de aquecido gritar expandindo o corpo. Foi uma experiência muito intensa pra todos que participaram. Para mim foi como se todo meu mundo tivesse se expandido. No dia seguinte peguei o carro e fui pra estrada, sem medo de dirigir. Senti até vontade pintar as unhas de vermelho!

Geralda Aparecida Dias

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